quinta-feira, 18 de junho de 2015

Trooplayer:The Banner Saga


    The Banner Saga é uma experiência marcante, muito mais do que um jogo. A desenvolvedora independente Stoic Studio conseguiu financiar o jogo através do Kickstarter atingindo a surpreendente soma de $723,886 com 20.042 apoiadores, o que superou a modesta expectativa inicial de $100,000. Os fundadores da Stoic eram ex-funcionários da Bioware, e já haviam trabalho em projetos grandes como Star Wars: Knights of the Old Republic, experiência essa que não só foi muito útil como também influenciou o jogo.


    The Banner Saga lhe oferece a oportunidade de experimentar um mundo inspirado na mitologia nórdica, onde você seu principal desafio será fugir da ameaça dos Dredge, enquanto tenta alimentar e manter a moral elevada das pessoas que escolheram seguir o seu banner. O mundo é riquíssimo em lore e as histórias dos personagens são envolventes e complexas. E definitivamente é nas escolhas que reside o componente fundamental do jogo. Suas escolhas tem repercussões, imediatas ou tardias, e em alguns casos o resultados serão cruéis e surpreendentes, capazes de surpreender tanto quanto uma revelação de Game of Thrones.




    A história se divide na maior parte do jogo entre dois pontos de vista: você começa o jogo seguindo Hakon um guerreiro Varl (uma raça de gigantes, orgulhosos, reclusos e poderosos) que se torna líder de uma expedição "diplomática" em circunstâncias inusitadas. 

Hakon

    Você também jogará, na maior parte do tempo, com Rook e sua filha Alette, fugindo do vilarejo de Skogr que sucumbiu ao repentino ataque de centenas de Dredge. No papel de Rook você terá que tomar algumas das mais difíceis decisões da jornada. Terá que lidar com a falta de recursos, de suprimentos, com os ânimos dos refugiados que te seguem além de batalhar contra oportunistas, ladrões e os implacáveis Dredge.

Alette

    Uma das primeiras coisas que chama atenção é a estética do jogo. Os cenários são impecáveis, declaradamente inspirados na arte de Eyvind Earle, famoso ilustrador da Disney que trabalho em clássicos como Peter Pan e Bela Adormecida.


    Outro ponto forte do jogo, também no quesito artístico, é a trilha sonora do compositor premiado Austin Wintory, que gravou 29 faixas orquestradas e cantadas em islandês (a língua que atualmente é a mais próxima daquela falada pelos vikings). As faixas variam entre marchas épicas, dignas de grandes batalhas campais do cinema, e baladas melancólicas e emocionantes. O OST completo pode ser conferido abaixo:


    Contudo, é no sistema de combate que reside a principal inovação do jogo. O combate por turnos é a primeira vista muito simples. Antes de cada batalha você pode organizar seus personagens de acordo com sua estratégia, escolhendo a sequência de ordens dos turnos. Contudo, os atributos de cada personagem adicionam contornos muito mais profundos a mecânica do combate. Seu personagens possuem três atributos principais: Strength, que é o equivalente ao seu HP e ao mesmo tempo a sua capacidade de infligir dano, assim um personagem que apanhou muito não é capaz de causar dano da mesma forma que um personagem que possui mais Strength; Armor é o atributo que define sua defesa, de modo que o dano é sempre calculado da seguinte maneira: Strength - Armor = Dano causado, de modo que se a Strength for inferior a Armor isso se reflete em uma redução da porcentagem de chance de causar dano. Do contrario, toda vez que a Strength for superior a Armor, a porcentagem de chance é de 100%. O terceiro atributo é Willpower, que é o grande diferencial, fazendo as vezes de Mana, pois ativa as habilidades especiais dos seus personagens, mas também oferece bônus em ataques ou permite que seu personagem ande mais alguns "quadrados". A Willpower é afetada por fatores externos ao combate, pela sua moral. Assim, se sua moral estiver alta todos seus personagem começam com alguns pontos a mais, ao passo que com a moral baixa começam o combate com penalidade.

Rook

    Os outros atributos são Break (sua capacidade de causar dano à Armor) e Exertion (a quantidade de pontos de Willpower que você poder usar em cada ação para obter bônus maiores). Todas essas características se misturam muito bem e fazem muito sentido com a história do jogo, tornando os combates sempre muito desafiadores.


    A história é o principal atrativo do jogo. Bem escrita, com personagens marcantes e reviravoltas precisas e cruéis, você viverá os dramas de um mundo que vive o seu crepúsculo, entre guerra e fome, lutando para sobreviver e para deter forças misteriosas que surgem ao longo de sua jornada. Os combates não são cansativos e nem repetitivos, são muito bem incluídos no enredo. Não há encontros aleatórios, nem a chance de ter personagens super evoluídos que dão conta de tudo com uma mão atrás das costas. Um movimento errado, uma ação mal calculada e você coloca em risco uma batalha.
    O jogo certamente me cativou. Reavivou uma memória dos tempos de Final Fantasy Tactics e tudo o que ele representou. O jogo faz parte de uma trilogia, sua continuação está prevista para o fim deste ano. Nela você poderá continuar o jogo a partir do save deste primeiro capítulo. Erga seu banner, levante acampamento e se prepare para viajar.


    O trailer abaixo mostra como é o in-game:


    Este é o trailer do próximo episódio a saga, como foi anunciado agora na E3 (com spoilers do primeiro capítulo):



                                                                                                                                               Hugo André