Formato: Brochura,23 x 16 cm. Ano de publicação: 2013, 255 pags. Preço médio: 29,90. |
Há muito
queria fazer essa resenha. Sou um ouvinte assíduo do MRG (não chego ao ponto de
almejar o F5, mas bato o cartão no site sempre esperando por um novo podcast).
Confesso que apenas li o livro por me identificar com o autor, compartilho de
algumas opiniões e gostos (principalmente musicais) com Affonso Solano. Comprei
o livro em Agosto, e só pude ler aos poucos (e muito angustiado) durante o mês
de Setembro. Eis que em Dezembro, enfim tenho tempo para falar desse livro que
não saiu da minha cabeça desde que terminei de lê-lo.
Affonso Solano
nos apresenta a história de Adapak, o “filho” do deus Enki’När, um dos quatro de Kurgala. Adapak é
um personagem inocente, que viveu a maior parte de sua vida em uma ilha, e
portanto, tudo o que ele sabe sobre o mundo foi aprendido através dos livros,
principalmente pelas histórias fantásticas dos irmão Tamtul e Magano.
Solano nos conduz
por Kurgala com sua narrativa envolvente, dinamizando a história de Adapak com
a alternância de capítulos que se passam no presente e capítulos em “flashback”,
concedendo a sua história um ritmo cativante e “estrogonófico”. Solano é muito
bem sucedido em dar vida à Kurgala, as descrições dos povos e das culturas
indicam uma complexidade que foi fruto mais de uma década de planejamento.
A
história de Kurgala irá te perseguir pelas páginas do livro, se insinuando aos
poucos e criando uma atmosfera própria dos grande épicos fantásticos. Kurgala
ainda não é rica como Essos ou Arda, afinal esse é só o primeiro livro de uma
série, mas o mundo de Adapak tem todo o potencial e todos os elementos para se
tornar um mundo tão singular quanto os outros grandes mundos da fantasia.
A história de Adapak difere da maioria das fantasias, pelo menos das que eu li, por apresentar questionamentos muito humanos sobre situações plausíveis. Em sua inocência de Adapak questiona o que leva uma pessoa a beber? O que leva alguém a se prostituir ou a usar a raiz de mochi? A transformação dos personagens é outro ponto forte, afinal as todas as ações tem consequências.
Durante a leitura me lembrei de uma frase que li em um texto em alguma disciplina ano passado: "a inocência na política, como em qualquer outro campo da vida, cobra um preço alto" e a inocência de Adapak cobra preços muitos altos. No fundo acredito que a narrativa apresentada por Affonso Solano nada mais é do que uma história sobre a descoberta, sobre o confronto da inocência com a realidade.
Pelos olhos de Adapak vamos conhecendo raças, culturas e lugares fantásticos. Tudo isso através de uma narrativa leve que convida o leitor a abusar da imaginação para visualizar a magia dos Dingirï e a destreza do espadachim manejando Igi e Sumi pela técnica dos círculos de Tibaul. Concluo recomendando esse livro a quem está procurando por algo novo. O espadachim de carvão revela a habilidade Afonso Solano, que para um escritor inciante (e não há nada de errado nisso) se saiu muito bem, entregando uma história de "espada e magia" 2.0, como muitos tem definido.
Sigo ansioso pelo próximo tomo que me transporte ao "Universolano", digo, Kurgala.
Para mais informações sobre a obra veja o site oficial: